Crónicas de um clássico (II)

domingo, 4 de março de 2012


Depois de uma primeira parte em que o FC Porto tinha começado melhor, mas em que o Benfica tinha equilibrado, chegando ao empate já perto do intervalo a segunda parte prometia um jogo igualmente intenso. E o que é certo é que aí não houve engano.

Um segundo tempo que começou praticamente com esse segundo golo do Benfica, novamente por Oscar Cardozo, que de cabeça, e através de um livre cobrado por Aimar, aproveitou o enorme erro da defesa portista e à vontade bateu Helton que nada podia fazer.
E se Jorge Jesus entrou com essa vantagem no marcador, acabou pouco depois por ter um revés ao perder o grande responsável pela melhoria exibicional da primeira parte, Pablo Aimar por lesão, entrando para o seu lugar o regressado Rodrigo.

E a verdade é que a perder o FC Porto tinha agora que correr atrás do resultado. E se muitas vezes foram postas em causa as modificações nos jogos por parte de Vitor Pereira, desta feita o técnico surpreendentemente arriscou, fazendo, no fundo, o que lhe competia. Colocou James Rodríguez em campo, tirando o central Rolando, fixou Maicon ao lado de Nicolás Otamendi e puxou Djalma para direita, obrigando Hulk e o colombiano a movimentos interiores, para depois o próprio Djalma e Álvaro Pereira, na esquerda, darem profundidade ao jogo do FC PORTO. E atenção que o que me surpreende, sinceramente, não é a entrada do ‘El Bandido’ nem o resultado que acabou por ter no jogo, mas sim a mudança ‘tática’ que fez o treinador portista, até porque, de facto, era um risco colocar Djalma a defesa direito, já que tinha um amarelo, mas também é verdade que Nolito daquele lado pouco ou nada estava a dar ao jogo.

Sem o cerebral AIMAR, o FC Porto equilibrou então o meio campo, obrigando o Benfica a recuar e a tentar o contra golpe como apelida Jorge Jesus, até porque este estava em vantagem no marcador. Mesmo sem Hulk conseguir entrar no jogo, mas com um Janko muito interventivo e muito faltoso diga-se, mas que foi prendendo a defensiva encarnada, a equipa portista voltou a ter bola, a fazê-la chegar até James e principalmente a assumir o jogo. E foi justamente numa tentativa de contra-ataque por parte de Witsel, que acabou por perder a bola bem perto da área de Helton, deixando a equipa descompensada, que na resposta o FC PORTO chegou à igualdade, numa boa arrancada de James pela zona central e depois de uma tabela com o incansável Fernando, relançando a discussão pelo resultado.
A partir daí, a equipa de Vítor Pereira ficou por cima no jogo, notando-se um menor cansaço e sem o Benfica reagir (não teria melhorado com a entrada de Bruno César ou mesmo de Saviola?). E se Jorge Jesus já tinha a tal contrariedade com a lesão do ‘El Mago’, mais problemas teve com a lesão do central Garay, sendo obrigado a colocar Miguel Vitor no seu lugar. E a verdade é que se as coisas já estavam difíceis para a equipa do Benfica, pior ficaram com a tal expulsão de Emerson, num lance com o ‘incrível’, permitindo ao FC Porto jogar os últimos 15 minutos no último terço ofensivo. E não gorando essa oportunidade, o FC Porto circulou a bola e adiantou ainda Fernando para bloquear a saída dos encarnados para o ataque.

E precisamente, com essa superioridade numérica, Vítor Pereira fez então entrar Kléber para jogar bem perto de Janko, tirando João Moutinho, numa atitude clara em querer vencer o jogo. E é praticamente quando Jorge Jesus pensa em colocar Nemanja Matic, respondendo à entrada do brasileiro e para dar mais altura à defesa do Benfica, que através de uma bola parada, James coloca muito bem a bola na linha da pequena área, onde MAICON se antecipou a toda a gente, beneficiando, claramente, de posição irregular e (também é preciso que se diga) da passividade de Artur Moraes, e cabeceou para o golo e para a segunda cambalhota no marcador.

Estava assim contada a história e até ao fim mais nada para contar. E assim também o FC Porto voltou a vencer no estádio da Luz, isolando-se agora no primeiro lugar com mais três pontos que este Benfica, que pode (acabou por ser) apanhado pelo Sp. Braga, e atirando a equipa de Jorge Jesus para o quarto jogo sem vencer a 4 dias desse decisivo jogo com o Zenit. Foi um jogo em que o FC Porto acabou por ser melhor, mesmo vencendo com esse golo em fora de jogo, queixando-se também, e com razão, de uma grande penalidade por mão de Cardozo. Vitor Pereira acabou por ter mérito na forma como preparou o clássico e como foi mexendo em busca dos três pontos, conseguindo mesmo terminar sem os selecionáveis Rolando, Moutinho e Hulk. No entanto, foi o menino James Rodríguez que, depois dessa tal viagem desde Miami, com um golo e uma assistência acabou por resolver o jogo.

Já Jorge Jesus teve azar, é certo, com as lesões de Aimar e Garay e com a expulsão de Emerson, perdendo o jogo tático e é neste momento um poço de dúvidas para todos os benfiquistas, ou se quiserem, para aqueles que não tentam disfarçar os erros, desviando as atenções para os homens do apito. Depois de Zenit, depois desses tais 5 pontos perdidos em Guimarães e Coimbra e depois desta derrota com o rival, alguma coisa vai mal, e enquanto o seu técnico não perceber isso... a vida vai continuando complicada.  
 
Fica, no entanto, um grande jogo de futebol, um grande espetáculo, com 5 golos, grandes golos, duas reviravoltas no marcador, em que o FC Porto foi mais forte e acabou por ganhar bem e num clássico apenas manchado por esse tal de Pedro Proença, mas aí, meus amigos, este blogue já o tinha avisado, e assim sendo, não vamos continuar a bater no ceguinho. 

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